Sou uma ave ferida, despida de cor, Já conheci o céu, o vento, o ardor. Voava sozinha, sem chão, sem amarras, Cortava as alturas, rasgava as garras. A liberdade era minha, meu lar, meu abrigo, A dor não doía, era só meu castigo. Mas agora sou sombra, vazio, lamento, Um eco perdido no próprio tormento. Tenho asas, mas elas não mais se abrem, O céu me renega, os ventos não cabem. Fiquei ali, presa, à beira da queda, Com o coração frio, a alma sem seda. No abismo, um lampejo um sopro insano, Uma ideia absurda, cruel, sem engano. Eu precisava tentar, mesmo em ruína, Mesmo que a dor em mim se aninha. Bati minhas asas, mil vezes, sangrando, O ar me cortava, mas eu fui voando. E então, num milagre de pura agonia, Toquei o céu... por um instante, fui poesia. Lá de cima, o mundo era pequeno e calado, A dor parecia um sonho apagado. Mas o voo cobrou o que restava em mim, Minhas asas cederam, era o fim. Caí sem desespero, sem culpa ou rancor, Pois em meu último fôlego, sem dor, Eu senti não ...
Belíssimo paradoxo do que é a vida. Um mar de barbáries mesclado com alegria. É foda, mas apesar dos pesares, a vida deve ser levada com alegria. Olhando sempre pra frente! Belo poema.
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